ABSTRACT The dream theory of the wandering soul is of an impressive ethnographic recurrence. What one understands by “wandering” or “soul” in each of these contexts, however, is far from being obvious. The Tikmũ’ũn people, also known as Maxakali (Minas Gerais, Brazil) also describe their oneiric experiences as wanderings of their “souls” (koxuk) through tortuous and dangerous paths that usually leads to the far away villages where the dead live and from where returning is not always easy, if even possible. But, besides that, it is also curious the way in which their travels’ reports trace some parallels with their dream ones. In a way, not only their dreams are like “wanderings of the soul” but also their wanderings are somehow like “dreams”. In this article, I explore theses parallels between “dreams” and “wanderings”, but also those between “dreams”, “body”, “illness” and “death”.
RESUMO A ideia de que o sonho seja qualquer coisa como uma “viagem da alma” é de uma recorrência etnográfica impressionante. O que se entende por “viagem” e “alma” nos mais variados contextos está longe, contudo, de ser algo evidente. Os Tikmũ’ũn, mais conhecidos como Maxakali (MG), costumam igualmente descrever sua experiência onírica como um deslocamento da “alma” (koxuk) por caminhos tortuosos e perigosos que costumam desembocar nas terras estranhas onde vivem seus parentes mortos e de onde o retorno nem sempre é fácil, se é mesmo possível. Porém, mais do que isso, é curioso notar como a experiência da viagem e do deslocamento, entre eles, possui paralelos com a sua experiência onírica. Desse modo, não somente o sonho é algo como uma “viagem” como suas viagens parecem remeter - bem como a estimular - a experiência onírica. Neste artigo, pretendo explorar estes paralelos entre “sonho” e “viagem”, bem como aqueles entre “sonho”, “corpo”, “doença” e “morte”.